A casa estava estranhamente escura naquela tarde. Escura como eu nunca tinha visto antes. Helena só apareceu depois da terceira vez que chamei. Ela apareceu cambaleando pelo corredor, se apoiando nas paredes. Vestia uma velha camisa verde que devo ter esquecido na mudança e a maldita calcinha rasgada. Estava linda, é claro. Despenteada e bêbada.
- Santo Deus, Helena, o que você bebeu?
- Talvez água... Talvez vodca...Talvez gasolina... Ou que sabe uma mistura disso tudo e outras coisas. Eu tive um bloqueio criativo.
- Mulher, está querendo se matar? Está querendo me matar?
- Sim. Talvez. Por que não? Nossos corpos ensanguentados dariam uma bonita tela, não?
- Por que? Por que? Por que eu pedi a droga do divórcio? Por que eu não aguento mais seus ataques histéricos?
- É, é exatamente por isso.