à perversão de minha poesia


Foges de mim?
Eu tinha um verso a recitar-te,
Mas esqueci.
O tempo apagou-me a memória.

A expectativa de ver-te corroía-me os ossos.
A cada passo, vi teus passos.
A cada rosto, vi eu rosto.
A cada olhar, teus olhos.
Brilhantes olhos.
A desabrochar nos meus.

Eu vi teus seios.
Firmes, doces.
Os quais minha boca devora,
Em meus mais loucos e pervertidos sonhos.
Qual proibido fruto da árvore do paraíso.

Não me deixes mais.

Que a febre da sua ausência provoca-me febre.
Que tenho orgasmos por fechar os olhos e ver tua boca.
Tua boca entreaberta deixando escapar um gemido.


Sou homem, sou mulher.
Sou as pernas abertas que te esperam.
Sou o pênis que te deseja.
Em todos os seus líquidos, me banho.
Te rasgo, te tomo, te devoro.



...

Meu eterno sorriso irônico.
Tuas pernas cruzadas.
Minha navalha abrindo uma fenda em tua coxa.
Acordo.



quem disse que era para fazer sentido?
quem disse que era para ser do jeito certo?